Notícias 10.09.25

Fraudes Financeiras Batem Recorde no Brasil e Colocam Empresas em Alerta 

As fraudes financeiras nunca estiveram tão presentes no cotidiano de […]

As fraudes financeiras nunca estiveram tão presentes no cotidiano de consumidores e empresas brasileiras. De acordo com levantamento da Serasa Experian, somente no primeiro trimestre de 2025 foram registradas 1.871.979 tentativas de fraude no setor bancário e de cartões, um crescimento de 21,5% em relação ao mesmo período de 2024. Se todas essas ações criminosas fossem bem,sucedidas, os prejuízos ultrapassariam a marca de R$ 15,7 bilhões, representando o maior valor desde o início da série histórica, em 2023. 

Esse cenário evidencia a sofisticação crescente das tentativas de golpe, que hoje utilizam engenharia social, clonagem de cartões, ataques digitais e até deepfakes para enganar tanto clientes quanto empresas. O ambiente corporativo, cada vez mais digitalizado, tornou,se alvo frequente, principalmente em setores que lidam com grandes volumes de dados pessoais e financeiros. 

O Perfil das Vítimas de Fraudes Financeiras 

O relatório da CVM buscou identificar características comuns às vítimas de fraudes financeiras. A pesquisa revelou que 91% são homens, em sua maioria entre 30 e 39 anos, com renda familiar de 2 a 5 salários mínimos e pós-graduação. Apesar do alto nível educacional, esses investidores apresentaram comportamentos que aumentaram sua exposição ao risco, como baixa confiança nas instituições reguladas, maior abertura a investimentos não convencionais e suscetibilidade ao efeito manada

A pesquisa ainda identificou três perfis qualitativos de vítimas: 

  1. “Pagaram para ver”: indivíduos que, mesmo desconfiando do golpe, investiram pequenas quantias por curiosidade, testando se poderiam “ser mais espertos” que os fraudadores. 
  1. “Movidos pela confiança”: pessoas que confiaram em amigos, colegas de trabalho ou executivos experientes que indicaram o investimento, sem questionar a legalidade ou o risco envolvido. 
  1. “Entusiastas do mercado financeiro”: investidores já familiarizados com criptoativos e operações de risco, que foram atraídos por esquemas de arbitragem ou promessas de retornos modestos, mas consistentes. 

Esses achados confirmam que fraudes financeiras não atingem apenas pessoas desinformadas ou com baixa renda. Ao contrário, o desejo de buscar oportunidades fora do mercado tradicional e a confiança excessiva em terceiros ou em novas tecnologias são fatores que tornam até profissionais qualificados mais vulneráveis. 

O Impacto Para as Empresas 

Embora muitos empresários ainda associem golpes apenas a consumidores finais, os dados demonstram que organizações também estão na linha de frente do risco. Pagamentos eletrônicos, cartões corporativos, sistemas de crédito e até processos internos de compras podem ser explorados por fraudadores. 

Uma fraude financeira não causa apenas prejuízo imediato. Ela gera riscos reputacionais, perda de confiança do mercado e pode atrair questionamentos regulatórios e judiciais. Além disso, em casos de falhas de segurança ou ausência de protocolos de prevenção, a própria empresa pode ser responsabilizada por negligência. 

O Posicionamento da Justiça 

A jurisprudência recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aponta que a responsabilidade de bancos e instituições financeiras em fraudes digitais depende da comprovação de falta de diligência. Em outras palavras, quando a fraude decorre de descuido ou falha na segurança, a instituição deve indenizar. Porém, se adotar protocolos adequados e comprovar que seguiu boas práticas, a responsabilidade pode ser afastada. 

Essa lógica se aplica também às empresas. Se uma organização não possui políticas robustas de compliance, monitoramento de transações e treinamento dos colaboradores, ela pode ser considerada negligente na gestão de riscos. Por isso, blindar os processos internos deixou de ser um diferencial competitivo e passou a ser uma exigência de sobrevivência no mercado. 

Fraudes Mais Comuns 

Entre os golpes mais recorrentes no Brasil, destacam-se: 

  • Phishing corporativo: e,mails ou mensagens falsas que simulam fornecedores, bancos ou até colaboradores internos para obter senhas ou transferências indevidas. 
  • Clonagem de cartões: muito comum em ambientes empresariais que utilizam cartões corporativos para compras frequentes. 
  • Deepfakes financeiros: vídeos ou áudios falsos que imitam executivos para autorizar pagamentos. 
  • Boleto falso: envio de cobranças adulteradas, especialmente em relações B2B. 
  • Fraudes internas: quando colaboradores aproveitam brechas de controle para desviar recursos. 

Essas modalidades mostram que os riscos vêm de todos os lados, externos e internos, exigindo vigilância constante. 

Orientações Regulatórias 

Tanto a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) quanto o Banco Central têm reforçado a necessidade de empresas adotarem medidas de segurança alinhadas à LGPD e às normas financeiras. Entre as orientações destacam-se: 

  • Implementação de autenticação multifatorial para acessos e transações. 
  • Criação de políticas claras de prevenção a fraudes
  • Treinamentos periódicos para equipes sobre golpes digitais e engenharia social. 
  • Monitoramento de transações em tempo real. 
  • Planos de resposta rápida em caso de incidentes. 

Essas medidas reduzem não apenas a chance de fraude, mas também o risco jurídico de responsabilização. 

Como as Empresas Podem se Proteger 

A prevenção exige uma abordagem integrada, que una tecnologia, processos e cultura organizacional. Algumas boas práticas incluem: 

  1. Mapeamento de riscos financeiros e digitais: identificar pontos vulneráveis dentro da operação. 
  1. Revisão de contratos com fornecedores e parceiros: cláusulas específicas de segurança e responsabilidade em caso de incidentes. 
  1. Política de due diligence: investigar antecedentes de clientes, fornecedores e colaboradores antes de estabelecer relações comerciais. 
  1. Educação corporativa: colaboradores treinados são a primeira barreira contra fraudes. 
  1. Planos de governança e compliance: implementar estruturas que garantam monitoramento contínuo e auditorias periódicas. 

Conclusão 

O crescimento alarmante das tentativas de fraude no Brasil em 2025 acende um alerta para empresários e gestores. Não basta confiar na segurança oferecida por bancos ou provedores de serviço: é preciso assumir uma postura ativa de prevenção, investindo em governança, compliance e tecnologia. 

Afinal, no ambiente atual, em que golpes digitais estão cada vez mais sofisticados, proteger as finanças e os dados da empresa não é apenas questão de gestão, é questão de sobrevivência no mercado. 

Avatar Erika Knochenhauer

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Erika Knochenhauer


Advogada

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